Culto do Natalício de Meishu-Sama – 20 de dezembro de 2020
Salmos de Meishu-Sama
Quão rápida é a Vossa obra, ó Deus –
A obra que passa despercebida aos olhos humanos.
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Neste mundo,
Onde tudo progride tão rapidamente,
Como é possível ser salvo por meio de ensinamentos antigos e desgastados?
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Oh, o plano da divina obra de Deus é tão profundo e insondável!
Então, eu digo:
Deixem tudo nas mãos de Deus.
Sagradas Palavras de Meishu-Sama
“Novamente acerca de Bergson”
Anteriormente, escrevi a respeito do famoso Henri Bergson, um notável filósofo francês moderno. Desta vez, senti o impulso de escrever novamente acerca dele e, portanto, peguei minha caneta. Isto porque, quando me perguntam sobre vários assuntos ou quando explano a respeito de algo, são pouquíssimas as pessoas que entendem facilmente o que eu digo. Geralmente é algo bastante simples, portanto, as pessoas não deveriam ter dificuldade em entender, mas isso raramente acontece. Muitas pessoas com quem converso são bem instruídas, mas têm dificuldade em entender o que digo. Só depois de apresentar muitos exemplos e analogias, conversando longamente com elas, é que finalmente compreendem o que digo. Sempre que uma situação como essa acontece, a filosofia de Bergson me vem à mente.
Por que as pessoas não entendem algo tão simples? É porque elas não são o que Bergson se refere como sendo o “eu do momento presente”. Bem, suponho que as pessoas nem sequer estão conscientes disso. De acordo com sua teoria, assim que o ser humano chega à idade do discernimento, ele começa a ouvir uma variedade de coisas e fica atulhado com folclores e ideias fixas. Então, quando ele chega à maioridade, todo esse conhecimento forma uma espécie de “barreira” em sua mente. Isso impede que quaisquer novas ideias – ideias que não estejam de acordo com a barreira – cheguem à sua mente, porque a barreira não deixa que isso aconteça. É óbvio que, se a mente estiver livre, ou seja, sem qualquer barreira, pode-se aceitar facilmente novas ideias sem nenhum problema. Fala-se com frequência a respeito da importância de limpar sua mente e isso é realmente verdade, embora quase ninguém perceba que uma barreira existe em sua mente. Assim sendo, para aqueles que estão lendo isto, sugiro que sejam um “eu do momento presente” de agora em diante. Quando veem ou ouvem algo, há um lampejo, ou seja, uma sensação que sentem nesse exato momento – isso é o que vem a ser o “eu do momento presente”. Vocês não devem permitir, em qualquer momento, que a barreira os obstrua; vocês têm que ser como uma criança. Ficamos frequentemente impressionados com as respostas que as crianças dão para as perguntas de um adulto; isso é porque as crianças não são obstruídas pela barreira.
Bergson também chamou isso de “filosofia da intuição”. Isso significa observar algo de maneira direta e certeira, sem distorcê-lo, porque essa é a maneira correta de ver as coisas. Acredito que isso seja algo que complementa sua teoria sobre o “eu do momento presente”. Há também a ideia de “o perpétuo fluxo das coisas” em sua filosofia, e a acho bastante interessante também. Isso significa que todas as coisas estão sempre evoluindo, sem nenhum momento de descanso. Por exemplo, quando se compara o ano passado com este ano, de alguma maneira tudo deve estar diferente – o mundo deve estar diferente; a sociedade deve estar diferente; e a mente e o meio ambiente devem estar diferentes também ou, melhor dizendo, deve haver algo de diferente entre o você do presente e você de ontem ou entre o você do presente e você de cinco minutos atrás. Essa deve ser a razão pela qual dizemos que nunca sabemos o que vai acontecer a seguir. Dessa maneira, tudo – absolutamente tudo – está em um estado de fluxo, sem nenhum momento de pausa.
Quando essa teoria é aplicada ao ser humano, deve significar o seguinte: quando você se depara com um problema, a maneira com que você o vê e o compreende deve ser diferente daquela de um ano atrás. Vejam a completa diferença entre como éramos antes da Segunda Guerra Mundial e após ela; as mudanças que ocorreram em tão curto espaço de tempo são verdadeiramente espantosas. Infelizmente, muitos continuam agarrados à maneira de fazer algo que não sofreu mudanças durante séculos ou à maneira de pensar na qual se agarraram nas últimas décadas. De geração em geração, eles herdam esses meios de se fazer algo ou pensar, ou seja, herdam a barreira. Isso faz com que seja impossível para eles compreenderem corretamente o momento presente. Esse deve ser o significado de expressões como “feudalista” ou “pensamento antiquado”. Tudo está sempre se movendo, está em estado de fluxo, mas algumas pessoas não mudam, ficando imóveis como uma poça de lama. São essas as pessoas que ficarão para trás na sociedade ou cuja vida terminará na desgraça.
Jornal Glória, N.º 113, 18 de julho de 1951
(trechos)